Ananias e Safira
haviam vendido um campo, e desejavam faturar duplamente: com a venda em si; e
com a imagem da venda, significando 100% de generosidade aos sentidos dos outros,
porém, num caixa dois, tentavam esconder tal coisa do Espírito Santo. Assim,
retiveram o que desejaram [uma parte]; e, do restante, fizeram uma oferta aos
pés dos apóstolos, dizendo: “Vendemos um
campo, e aqui está a totalidade”. Ananias foi o ofertante oficial. Safira
vem apenas três horas depois, e sem saber que seu marido caíra morto quando sua
mentira fora revelada pelo Espírito Santo a Pedro, sendo indagada, contou a
mesma lorota de crente ateu. Então, informada do acontecera ao marido antes de
sua chegada, caiu morta também.
Ora, é neste episódio
que o imaginário da “igreja” se aferra a fim de meter-se na vida alheia. Sim!
Esse é o texto inconsciente que dá poder aos “Pedros” e põe os “Ananias e as
Safiras” em grande pânico. Os “Pedros” se tornam “Espíritos Santos”, e os
“Ananias e Safira” assumem que são os amaldiçoados ou amaldiçoáveis pelos
“Pedros” ambiciosos. Ananias e Safira tiveram a Graça de morrer em razão da
mentira. Eram amados. Não eram bastardos. Caíram diante da verdade. Ananias e
Safira podem estar onde se não os imagina. E certamente estão.
O problema é quando
os “Ananias e as Safiras” mentem tanto, que não sentem mais nada. Assim, nem
mais a benção de morrer de disciplina eles têm; posto que tais “Ananias” e tais
“Safiras” se tornaram profissionais do engodo; além de que eles não crêem no
Espírito Santo e nem temem a Deus, diferentemente da declaração que aquele
casal de Atos dos Apóstolos manifestou pela via do morrer de temor-fé.
Sim! O casal de Atos
evidenciou temor e fé no morrer; mas os de hoje lambem os lábios e dizem: “É
fácil enganar crente!”. Além disso, mesmo diante da profecia da verdade, eles
negam-na; e seguem sem temor algum... Por outro lado os “Pedros” de hoje jamais
diriam o que o Pedro de ontem disse: “É de vocês. Tudo é de vocês. É direito de
vocês ficarem com tudo. O que não lhes é possível é mentirem ao Espírito Santo
e pensarem que o Espírito da Verdade não os exporá.” Assim, o que Pedro faz é o
oposto do que se faz hoje.
Hoje os “Pedros” usam
de qualquer pretexto para entrarem na vida das pessoas, determinando até como
se vistam ou se pintem. Se o assunto for sexual eles têm direito de meterem-se,
infiltrarem-se e penetrarem em todos os orifícios de intimidade possível. São
uns “Pedros” candirus! E como tais “Pedros” se metem, o Espírito Santo se
afasta. Lá, com Pedro, entretanto, foi tudo diferente. Pedro não se meteu em
nada e não em buscou de coisa alguma. Ananias e Safira é que se meteram contra
a verdade. Assim, o fluxo não é de Pedro para o casal, mas do casal para Pedro.
A palavra de Pedro, todavia, deixa o casal
livre para decidir o que quisessem; só não lhes dá a liberdade de entrarem na
intimidade do Espírito Santo com mentira.
Loucura! Por que se
mentiria ao Espírito da Verdade? Os que fazendo... — morrem, são ainda
bem-aventurados; enquanto os que, fazendo, não morrem, são uns infelizes
totais; pois, os primeiros ainda colapsam ante a Verdade; mas os últimos não
sentem mais nada. Na Verdade toda morte tem esperança. Mas na mentira não há
qualquer esperança na morte. Assim, a liberdade da intimidade é total. Só não
há liberdade para se mentir contra o Espírito da Verdade; e nem para fazer
disso um show público de piedade. Mas também não se dá a homem algum o poder de
se meter na intimidade de ninguém; pois, esse é sempre um assunto entre o
Espírito Santo e o homem; seja para a vida ou para a morte. Desse modo, nesta
história, olhando para os dias de hoje, nos quais falta Pedro de verdade, e
onde quase todo Pedro é Ananiasnizado e Safirizado — tem-se que dizer que o
texto infelizmente cresceu; e, assim, também se tem que afirmar que por ele [o
texto] “o pau que dá no Chico, dá no
Francisco” também.
Caio Fábio d’Araújo Filho